
Comemorando doze anos de carreira, Jorge Vercillo reuniu sucessos e novas canções em seu novo trabalho, o primeiro gravado ao vivo.
Em entrevista, Vercillo fala sobre sua carreira, parceiros e o novo álbum.
Nas releituras, novos arranjos
Saindo simultaneamente em CD e DVD, com o show gravado no Canecão nos dias 28 e 29 de abril de 2006, este Ao vivo de Jorge Vercillo tem como fator marcante a valorização dos arranjos, que abrilhantam ainda mais o lirismo das letras do cantor e compositor.
O CD, com produção e direção musical do próprio Jorge, traz dezesseis canções, sendo catorze releituras e duas inéditas: a balada Eu e a Vida e o funk Vela de acender, Vela de Navegar, carro-chefe deste novo álbum. Somadas aos outros sucessos (Final Feliz, Invisível, Leve, Melhor lugar, Monalisa, Signo de ar e Que nem maré, entre outras), o registro se transforma em um perfeito greatest hits, sem aquele vestígio tradicional de coletânea ou de releituras.
Sobre a nova roupagem das canções, como Praia nua, que ganhou um toque jazzístico, Jorge Vercillo comenta:
” – Eu sempre achei que fosse me realizar como cantor de estúdio, e me surpreendi muito com o resultado ao vivo, que saíram melhores que no estúdio. Eu tenho pedido aos radialistas que, ao tocarem um flashback, uma canção minha antiga, que optem pelas versões atuais, pois os arranjos estão melhores”.
Jorge, hitmaker que foi ganhando cada vez mais espaço nos ouvidos e no coração do público, é enfático ao afirmar qual é o momento de sua carreira que considera mais importante:
” – Foi em 2000, quando gravei meu terceiro disco, de forma independente, com as músicas Final Feliz, Leve e Em órbita. Foi o disco onde as pessoas conheceram mais o meu trabalho. Eu fechei o Canecão para um show, e a partir daí comecei a receber propostas de gravadoras”.
No DVD, mais canções (e extras)
Já quem optar pelo formato DVD sai na vantagem: além de ter cinco faixas a mais que o CD (Os medleys Contraste / Em órbita, Senhora Liberdade / O Reino das Águas Claras / Do jeito que for, Você é tudo, Penso em Ti e Beatriz, de Edu Lobo e Chico Buarque), o DVD tem como bônus uma entrevista com Jorge Vercillo, onde ele fala de vários temas relacionados a sua vida e carreira, como os tempos em que tocava na noite, mas já tinha músicas inseridas em trilhas de novela, como Praia nua (tema da novela Tropicaliente, de 1994), e a sua paixão por futebol, mais precisamente pelo Flamengo e seu astro maior, Zico.
Ainda nos extras do DVD, Jorge Mautner apresenta um video-release, em que fala do músico e sua poesia em forma de canção; Marcos Valle e Leila Pinheiro passeiam com Vercillo pela orla da Praia do Leme e interpretam Pela ciclovia, primeira parceria de Marcos e Vercillo; Ana Carolina e Jorge Vercillo mostram a sua Abismo, em clip gravado em Niterói, RJ; e, finalizando, um making-of dos bastidores da preparação do show.
Músicos afiados – e afinados
Além de Jorge (voz, violão e guitarra), uma banda afiada o acompanha neste CD e DVD: Na bateria, Christiano Galvão; no baixo, Alexandre Cavallo; na guitarra, Zeppa (parceiro de Jorge em Leve); na percussão, João Bani; nos teclados, Hiroshi; no saxofone e flauta, Sérgio Galvão.
Na inédita Eu e a vida, uma orquestra de violinos e cello foi montada, sob a regência de Luiz Avellar, com arranjo de Paulo Calazans.
Jorge, que além de suas próprias composições tem sucessos escritos a quatro mãos com Flávio Venturini, Nico Rezende e Dudu Falcão, entre outros compositores, revelou um pouco do que virá por aí em breve:
” – Eu tenho parcerias inéditas com Fernando Brant, e com outros parceiros mais antigos, como o Jota Maranhão e o Paulo César Feital. Tenho também uma canção feita com a Ana Carolina, chamada Eu não sei nada do mar, feita para a Maria Bethânia” (música que fará parte do próximo CD da cantora, cujo tema é a água).
Câmeras e flashes não incomodam
Durante o show, é nítida a presença de inúmeros displays de câmeras digitais acesos, especialmente na canção Melhor lugar, onde o público se posiciona em frente a Jorge Vercillo, disparando centenas de flashes. Uma cena rara para um DVD, quando habitualmente se pede aos presentes que não tirem fotos – ou, se permitido, que mantenham os flashes desligados, para não afetar o registro em vídeo. Perguntado sobre isso, Jorge declarou:
” – Isso passou despercebido pra mim. Eu noto que há uma cultura um tanto vazia, fora de propósito, das pessoas ficarem andando com uma câmera e fotografando tudo, e com isso acabam perdendo o momento. Se eu estivesse assistindo o show, ia querer curtir o clima. Mas isso, de fotografar, nunca me incomodou” – conta.
Funk: uma surpresa do novo CD
Conhecido pelas canções pop e baladas românticas (como Ciclo, que abre tanto o CD quanto o DVD), Jorge Vercillo surpreendeu ao trazer o universo funk para a sua música. E ele explica a origem desta vertente em sua carreira, até então desconhecida do público:
” – Eu trafego entre dois polos: a MPB das baladas, mais intimistas, e entre o rhythm and blues e o pop. Eu diria que sou um artista de MPB contemporânea. A minha música tem uma pitada rítmica. Meu irmão ouvia Stevie Wonder, Michael Jackson, os artistas da Motown, e eu trouxe isso para a minha música. Vela de acender é uma novidade marcante no meu trabalho. A questão rímtica é muito forte, e há um flerte com o funk, uma malícia na letra. O lance é você se renovar, aprender com elementos novos. Eu quis falar ao universo do jovem, contando a história de um jovem que largou as drogas por causa de um amor”.
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