Em 1995, eles fizeram a alegria da criançada, e de muitos adolescentes. E adultos também. Dinho (vocais), Bento (guitarras), Júlio (teclados), e os irmãos Sérgio (bateria) e Samuel (baixo) eram os Mamonas Assassinas, banda que, pelos caminhos do destino, teve uma efêmera e inesquecível carreira, que durou menos de um ano.
Desde a morte de Ayrton Senna, em 1994, não se via tanta comoção no país, que viu os cinco meninos de Guarulhos despontarem com sua irreverência e desaparecerem meses depois, em um trágico acidente aéreo em 02 de março de 1996, na Serra da Cantareira, em São Paulo.
Misturando brincadeiras de criança com piadas adultas, em letras capazes de deixar qualquer adulto de cabelo em pé, os meninos do Mamonas conseguiam facilmente dobrar quem fosse: não era difícil perceber que eles eram crianças grandes. E muito disso se deve a Dinho, o divertido vocalista que fazia graça de qualquer coisa, ora fosse vestido de Batman cantando Robocop gay, imitando a cantora Gretchen, ou vestido de pijama e pantufas. Até temas mais ousados, como a suruba lusitana de Vira-vira, acabava passando em brancas nuvens, tamanho era o carisma dos integrantes. Todo mundo queria embarcar naquela Brasília amarela.

Em vida, lançaram apenas um CD, que chegou às lojas em 23 de junho de 1995, e que virou uma febre na segunda metade daquele ano. As 14 canções, compostas pelos próprios Mamonas (com exceção de Sábado de Sol – de Pedro, Felipe e Rafael, o grupo Baba cósmica, e Sabão cra-crá, de autor desconhecido), apesar de passearem entre o pagode (Lá vem o alemão), o xaxado (Jumento celestino), o fado (Vira-vira) e o sertanejo (Cabeça de Bagre II), entre outras, tinham o rock em sua essência, presente entre hilárias imitações de Netinho de Paula, Raça Negra, Roberto Leal, Falcão, Belchior, Titãs… isso sem esquecer a introdução de Chopis Centis, com os arranjos de Should I Stay I Should I Go, do The Clash. E 1406, que brincava com os desejos desenfreados de uma esposa em comprar tudo o que era vendido num antigo canal de vendas por telefone.
Produzido por Rick Bonadio e lançado pela EMI, Mamonas Assassinas foi o presente preferido no Dia das crianças e no natal daquele ano. Ninguém acreditava que eles se tornariam um fenômeno: a gravadora achava que venderiam no máximo 50 mil cópias. Em dezembro de 1995, era este o número de cópias vendidas por dia – no total, foram 1 milhão e meio de CD’s.
O desaparecimento de Dinho, Bento, Sérgio Samuel e Júlio deixou nas pessoas um vazio sem precedentes. Tempos depois surgiram outras tentativas de preenchimento desta lacuna, como Tiririca e Herculóides. Em vão: os meninos estarão pra sempre guardados na memória e no coração de quem viveu aquele tempo.
Atenção, Creuzebek: Se você ainda tem o disco, ouça. Se não tiver, procure: a Universal nunca o tirou de catálogo, está no streaming, e até voltou ao formato LP, em edição especial relançada em fevereiro de 2021 (foto).

Faixas:
1406 (Dinho e Júlio Rasec)
Vira-vira (Dinho e Júlio Rasec)
Pelados em Santos (Dinho)
Chopis Centis (Dinho e Júlio Rasec)
Jumento Celestino (Bento Hinoto e Dinho)
Sabão Crá-crá (autor desconhecido)
Uma Arlinda Mulher (Dinho e Bento Hinoto)
Cabeça de Bagre II (Dinho, Bento Hinoto, Sérgio Reoli, Samuel Reoli e Júlio Rasec)
Mundo animal (Dinho)
Robocop Gay (Dinho e Júlio Rasec)
Bois Don’t Cry (Dinho)
Débil Metal (Dinho, Bento Hinoto, Sérgio Reoli, Samuel Reoli e Júlio Rasec)
Sábado de Sol (Pedro, Felipe e Rafael)
Lá vem o alemão (Dinho e Júlio Rasec)
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